Entrevista completa para a revista Glamour

quarta-feira, janeiro 15, 2014

Confira a entrevista completa de Shakira para a revista americana Glamour.

Ela é ,mãe, rica e cheia de conselhos profissionais incrivelmente bons. Com hits em mais de 55 países – e um lugar ao lado do Adam Levine no The Voice – O que ainda falta para Shakira? Jason Sheeler descobre.
Entrando no restaurante de Gordon Ramsay’ em Los Angeles, posso avistar Shakira só pela sua juba. Hoje estes cachos viçosos e muito requisitados estão caindo sobre as costas de uma cadeira hidráulica vermelha num dos estúdios da NBC. Mas sua cadeira também é um trono: madeira ornamentada, couro dourado posicionado à janela do restaurante, com vista para a cidade que ela chama de casa enquanto grava o The Voice. Ela é sem dúvida, parte da realeza musical.
Shakira Isabel Mebarak Ripoll, de 37 anos, vendeu mais de  50 milhões de álbuns em todo o mundo e ainda arrematou um total de 10 Grammys latinos e americanos. (“Hips Don’t Lie”, a propósito, é o single mais vendido do século XXI em todo o mundo. De verdade). Pelo caminho, Shakira encontrou uma estrela do futebol espanhol (o namorado Gerard Piqué, pai de seu filho, Milan); uma base de fãs completamente nova, graças a seu lugar no programa de competição musical altamente bem sucedido;  e uma causa: oferecer educação para crianças que vivem em áreas pobres através da sua Fundación Pies Descalzos/The Barefoot Foundation. “Eu mesma sou uma eterna aluna”, ela diz, modestamente. E, veja, no tangente a celebridades que fazem caridade, Shakira tem feito muito mais do que simplesmente assinar um cheque (embora ela tenha sim assinado um de dez milhões de dólares para começar um fundo para centros educacionais por toda a América latina). Pergunte a Bono: “Quando ela começa a falar sobre o assunto de pobreza infantil”, disse o frontman filantropo do U2, “ela pode ser bem assustadora”. Mas esta tarde, Shakira não está mostrando nenhuma presa. Na verdade, quando sento e faço uma piada sobre torcer para que sua cadeira gire, ela vira o jogo e puxa sua cadeira para mais perto da minha. Bem vindo ao Team Shakira.
Em primeiro lugar, parabéns. Por que em uma gravação, um amigo meu te elegeu “a pessoa famosa mais real” que ele já conheceu.
Este é provavelmente o melhor elogio que já recebi.

Também não consigo achar muitas coisas loucas sobre você online. Porém, o Twitter está pegando fogo neste momento com o assunto de você e Rihanna estarem trabalhando juntas em um dueto.
Estes rumores são verdadeiros! Temos mantido [a colaboração] em segredo, mas acabo de filmar o vídeo. Nunca achei que conseguiríamos nos juntar – eu no The voice, cuidado do meu filho, Milan, Rihanna em turnê…Trabalhar com ela era uma utopia. Ela é a mulher mais sexy do planeta. E no fim das contas, nós duas somos basicamente apenas garotas do Caribe. A química foi muito boa e muito real. Ela me ensinou uns movimentos de dança, é uma professora muito doce”

Ok. As cabeças de vários rapazes héteros acabaram de explodir, mas vamos falar sobre o The Voice. Você parece gostar de dar suporte aos participantes. Quando você foi abordada inicialmente, tinha alguma reserva sobre participar de um reality show?
Certamente. Estava pensando ‘não posso ir para L.A. e passar meses lá. Tenho um homem e um bebê. Precisaria parar minha vida pessoal.

Você já assistia o programa antes de se juntar à equipe?
Não, mas quando assisti, vi que não era o tipo de programa que gera boa audiência fazendo um circo e destruindo a autoestima das pessoas, sabe? As críticas que fazemos aos nossos participantes são muito construtivas. Gosto muito de ensinar.

Se você estivesse começando agora, participaria do The Voice?
Certamente! Passei por essa coisa de concurso no começo da minha carreira na Colômbia.

É impossível não se perguntar qual dos rapazes viraria a cadeira para você.
Provavelmente Adam, mas quando comecei no programa, o Adam ficava “Oh, pobrezinha. Vamos ajudá-la. Pobre garota colombiana, mal consegue falar inglês”. E então duas horas após o início do primeiro programa minhas garras já estavam de fora

Boa garota
E ele ficou “Que diabos?Achei que você fosse tão frágil!” Lidar com rapazes no trabalho sendo a  única mulher pode ser muito desafiador.  Tenho minhas inseguranças, mas aprendi que tenho que ser uma boa jogadora. Preciso ser capaz de ouvir certas piadas e não levá-las para o lado pessoal. Há piadas que são feitas a quase todo segundo do dia. Tive que criar uma casca grossa. Sabe, a indústria da música é dominada por homens. Trabalho com homens 98 por cento do tempo – produtores, arranjadores, músicos, engenheiros”

Ok, você tem que nos contar a Estratégia-para-Trabalhar-com-Homens-da-Shakira.
Mais do que tudo, tem a ver com ter senso de humor. Ser um pouco auto depreciativa quando é preciso. Ah, e certamente ajuda entender as fraquezas deles. Essa é uma boa ferramenta!

Ouvi dizer que você e Miranda Lambert [esposa do outro treinador, Blake Sheldon] são amigas.
Adoro Miranda. Adoro a verdade de suas músicas. Minhas músicas são geralmente muito reveladoras. Tudo o que colocamos no papel revela algum tipo de propósito subconsciente, sabe?

Como aquela sua letra “sorte que meus seios são pequenos e humildes então você não pode confundi-los com montanhas”?
(risos) Isso vai me assombrar pelo resto da minha vida! Graças a Deus por eu ainda não ter colocado silicone!

Desculpa, de qualquer forma. De volta a Miranda.
Ela é a treinadora ajudante da minha equipe esta temporada – e não do Blake! (risos) Ela é incrível. Já conheci muita gente superficial na indústria que perdeu completamente o contato com a realidade. A fama repentina pode ser sufocante.

Você já teve momentos em que ser “Shakira” era muito para você?
“O sucesso aconteceu pouco a pouco para mim. Eu provei o sabor da fama em pequenas doses: comecei aos 10 anos de idade quando ganhei um concurso musical; me apresentava em festas de aniversário, encontros empresariais. Me encontrei com um executivo de uma gravadora quando tinha 13 anos e cantei ‘Material Girl’ com um rádio de fita cassete. Me apresentei para todas as estações de rádio, das Honduras ao Ryan Seacrest. Um dia eu percebi que era famosa o bastante. Mas não estou faminta por fama – só preciso provar para mim mesma que ainda consigo fazer isso.

Quero te perguntar uma coisa. Estava ouvindo aquela música sua com o Calle 13, ‘Gordita’.Os rapazes fazem rap sobre sentir falta de você ser mais cheinha e morena”
Às vezes sinto também, Mas não posso reclamar. Já me diverti muito sendo morena!

Você percebeu muito luto dos seus fãs latinos por seu cabelo loiro, ser muito magra ou apenas por ser “muito Holywood”?
No começo, mas “meu homem, Gerard, prefere carne a ossos. Ele não gosta de mim muito magra. [risos]. Isso alivia um pouco da pressão. Já tenho muito com o que me preocupar. Este mês não estou me exercitando porque tenho um disco para finalizar e tenho um bebê. E eu gosto desses doces que estão na minha frente”

Você sente pressão para se encaixar naquele modelo de latina sexy voluptuosa?
Não. A única pressão que sinto é a de ser capaz de manter o que já conquistei. Não quero deixar de ser bem sucedida. Isso soa muito direto?

Não, é renovador. A  propósito, o que você acha da imitação que Kate McKinnon faz de você no Saturday Night |Live? É meio que uma imitação da Sofia-Vergara-em-Modern-Family.
E então eu falo desse jeito – e daí? Sabe, eu e Sofia costumávamos viver próximo na nossa terra, em Barranquilla. Tipo a algumas quadras de distância. Quando estamos juntas nossos sotaques se aparecem pra valer.

Esse é outro quadro esperando para acontecer.
Você não entenderia uma palavra![risos] A conheço desde que ela era loira. Ela pintou o cabelo de escuro para conseguir sucesso na América, eles precisavam do perfil latino. Mas eu fico “Vamos lá, Sofia! Fique loira de novo! Ela parecia com Brigitte Bardot

Você disse que cresceu vendo muita injustiça. Foi isso que plantou a semente da sua ONG para a educação?
Certamente. Ser criada em um país em desenvolvimento abriu meus olhos para muita coisa que não consigo tolerar. Na Colômbia, a educação às vezes é considerada um luxo, não um direito. E não é uma prioridade nos governos de muitos líderes. Eu sinto um senso de obrigação de usar minha voz e a plataforma que recebi por minha fama para falar por aqueles cujas vozes não têm a chance de serem ouvidas. A Fundação Pies Descalzos oferece educação para crianças vulneráveis que vivem na pobreza extrema. Construímos seis escolas na Colômbia e fazemos trabalhos na África do Sul e no Haiti. Ensinamos 5 mil alunos.

O que na sua infância inspirou este trabalho?
Quando era criança, meu pai perdeu tudo e muita gente virou as costas para ele. Perdemos tudo da noite para o dia: nossos carros, nossos móveis. Me lembro vividamente daquele momento [se emocionando], mas também me lembro do que eu tinha, porque meu pai e minha mãe explicaram para mim naquele momento quais eram as minhas prioridades.

O que eles te disseram?
Eles me  mostraram crianças que não tinham um lugar para morar ou uma escola. Eu não tinha mobília, mas tinha educação. E sabia que tinha que alcançar meus sonhos, porque eu tinha que reivindicar minha família e nossa condição econômica também. Mas nunca esqueci daquelas crianças, porque sabia que eles nunca teriam muito. Eu tinha o que era essencial: oportunidade. E eu ia ser bem sucedida.

 Acabo de ver fogo no seus olhos
É. Não quero transformar isso numa conversa existencialista, mas a verdade é que em algum  momento, todos nós nos perguntamos “porque estamos aqui?”. Eu sinto que não estou nesta terra apenas para rebolar e rebolar eternamente sabe?

Você definitivamente já fez isso
Algumas vezes. Acredite, eu sei como ser sexy, mas tem que haver algo mais.

E quando se deu conta disso? Muita gente quer encontrar propósito mas dizem que não sabem onde procurar.
É preciso manter os olhos abertos. Alguns anos atrás, depois de um relacionamento de dez anos, eu estava presa. Estava estagnada. Minha vida não estava em sincronia com meus desejos. Eu levei um tempo para perceber que estava penas no lugar errado

Foi quando você conheceu Gerard?
Preciso dizer: O sol saiu. Comecei a entender o que queria. Foi um momento de virada. Eu estava numa encruzilhada, tudo parecia complicado e era como se Deus estivesse fazendo uma piada ruim, mas não estava. Eu abri os olhos.

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